Dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo
Para início de conversa, destacamos a importância do olhar diferenciado que o profissional da educação precisa ter. A escola é sem dúvida um espaço privilegiado, onde as diferenças são estremamente importantes para o convívio e, sem dúvida para despertar o que o outro tem de melhor, suas habilidades e explorar as múltiplas inteligências.
O ato de avaliar é contínuo, isso está bem claro nas Diretrizes Curriculares Nacionais, na própria LDB 9394/96, portanto, efetivá-lo no cotidiano escolar é um grande avanço e, sem dúvida isso faz toda a diferença numa instituição educacional e principalmente na vida de uma crainça. A partir do princípio avaliar para mediar é que torna-se possível a uma instituição escolar, orientar a família para que procure especialistas quando percebe traços do espectro do autismo (aqui em destaque) em algumas crianças.
E, "foi assim como ver o mar, a primeira vez que meus olhos viram o seu olhar...", é dessa maneira poética que de repente os nossos dias ficaram mais azuis. O papel da escola não é de diagnosticar, mas, se tiver um sistematizado trabalho pedagógico voltado para atender às necessidades das crianças, perceberá no decorrer das suas ações pedagógicas situações que merecem uma intervenção mais direcionada, orientando às famílias quanto a busca de especialistas. É sob esse olhar que A Casa Amarela faz os encaminhamentos após observações contínuas.
A ausência do contato visual, o desprezo ao contato físico, a insistência repetitiva de alguns movimentos e sons, fixações direcionadas e intensas, a ausência da linguagem ou a perda dela, esses são alguns sinais de alerta para o diagnóstico do espectro do autismo. O autismo é considerada uma síndrome que afeta o desenvolvimento em três importantes áreas: comunicação, socialização e comportamento.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que tenhamos cerca de 70 milhões de pessoas com autismo no mundo e, no Brasil a estimativa é de 2 milhões, então é possível perceber que o autismo é muito mais comum do que possamos imaginar.
Ao ter o diagnóstico de crianças autistas na nossa instituição, percebemos a necessidade de conhecer, estudar e buscar ajuda para fazer um trabalho diferenciado, considerando que ações coletivas fazem toda a diferença. Entendemos que uma escola inclusiva não é aquela que apenas matricula pessoas com deficiência e sim, aquela que traça estratégias e diretrizes para atender as especificidades do sujeito e, reflete com seus profissionais a respeito das possibilidades de avanço. Através da convivência com os autistas, do diálogo com outros profissionais (fonoaudióloga/a, psicóloga/o, terapeuta ocupacional, etc.) das experiências, conquistas e dificuldades das famílias e nas leituras sobre o assunto é que a cada dia aprendemos sobre o autismo.
Há muito o que se avançar no sentido da garantia já prevista em lei (12.764/2012 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) de ações que promovam o acesso dos autistas às políticas de inclusão do país, inclusive para o tratamento que envolve intervenções psicoeducacionais, orientação familiar, desenvolvimento da linguagem e/ou comunicação, etc., sendo assim faz-se necessário uma equipe multidisciplinar que dialogue com a família e escola dando subsídios para as devidas intervenções.
Esperamos ter o que comemorar nos próximos anos, nessa data que é um marco de luta, amor e esperança. Que o azul, cor que marca esse dia, sensibilize, mova e impulsione a um novo caminho, um novo olhar sob o autismo.
A autora Sara Lemos é Diretora Pedagógica da Casa Amarela, Servidora Municipal e Especialista em Gestão Escolar)